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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 1502-1

1502-1

PREVALÊNCIA DE ENTEROBACTÉRIAS PRODUTORAS DE AmpC PLASMIDIAL EM COLONIZAÇÃO INTESTINAL COMUNITÁRIA

Autores:
Jéssica Britto Gonçalves (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Gabriel Taddeucci Rocha (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Sarah Vitória Martins da Silva (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Natalia Chilinque Zambao da Silva (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Ianick Souto Martins (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Marcia Garnica (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Renata Cristina Picão (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo:
A resistência aos antimicrobianos é um problema global de saúde pública, uma vez que ela não se limita ao ambiente hospitalar. Dentre os microrganismos capazes de causar infecções e apresentarem resistência, as enterobactérias compõem um grupo diverso de bactérias capazes de causar infecção e que apresentam diferentes mecanismos de resistência aos antimicrobianos. Nesse contexto, as betalactamases do tipo AmpC mediadas por plasmídeos (pAmpC) são clinicamente relevantes, pois são capazes de conferir resistência às penicilinas, cefalosporinas de terceira geração, monobactâmicos e cefamicinas, e não são inibidas por inibidores de beta-lactamases como o ácido clavulânico. Considerando os fatores acima e a presença de poucos estudos que caracterizaram cepas de enterobactérias produtoras de pAmpC oriundas de colonização comunitária, principalmente no Brasil, é que esse estudo foi planejado, com o objetivo de descrever as enterobactérias produtoras de pAmpC envolvidas na colonização comunitária e os seus determinantes genéticos. Os voluntários que aceitaram participar do estudo forneceram swabs retais que foram submetidos a um teste de viabilidade e à pressão seletiva inicial por ceftriaxona (CRO; 1,5 μL/mL). Então, o cultivo obtido nesta etapa foi replicado em cefoxitina (32 μL/mL) e, em seguida, dois representantes de cada morfotipo selecionados; as amostras foram identificadas e avaliadas quanto à resistência à cefoxitina e amoxicilina/clavulanato. Por fim, foi realizada a detecção por PCR do gene pAmpC. Dos 228 swabs retais obtidos, 233 amostras foram recuperadas na vigência de cefoxitina. Dessas, 82 (35,2%) são pertencentes à família Enterobacteriaceae, sendo 37 (15,9%) Escherichia coli e 5 (2,1%) Klebsiella pneumoniae; destas, 29 (12,4%) e 4 (1,7%) foram resistentes aos antimicrobianos testados, respectivamente. Vale destacar que 149 (63,9%) amostras eram pertencentes a 7 outras famílias, e 3 gêneros dentro da família Enterobacteriaceae representaram 40 (17,2%) amostras com resistência intrínseca. Isso representa uma prevalência de 3,9% de indivíduos positivos para a presença de pAmpC. A pesquisa genotípica revelou que 20 amostras contém o grupo CIT e 3 o grupo DHA. Os resultados indicam a presença de pAmpC em indivíduos oriundos da comunidade, que apresentam relevância clínica. Isto é preocupante, uma vez que esses genes têm a capacidade de circular entre diferentes espécies, podendo representar um papel importante nas infecções relacionadas à assistência à saúde e nas infecções comunitárias graves em humanos. Ademais, sua presença no ambiente comunitário promove um alerta, já que pode significar uma maior restrição na escolha do tratamento de infecções por esses organismos. No entanto, ainda se faz necessário resultados complementares, como o sequenciamento desses genes e a obtenção do perfil de resistência a outras classes de antimicrobianos nas cepas produtoras de pAmpC.

Palavras-chave:
 AmpC plasmidial, betalactamases, colonização comunitária, enterobatérias, resistência aos antimicrobianos


Agência de fomento:
CNPq